Blindagens automotivas e arquitetônicas são investimento em proteção para as famílias de alta renda
Mercado oferece proteção até para fuzil AK-47
Já se foi o tempo em que um executivo para se sentir protegido bastava blindar seu automóvel. Com o crescimento da violência em todo o país e novas formas de atuação dos meliantes, a necessidade de proteção passou a ser considerada também nas residências, comércio e indústrias com a aplicação da blindagem arquitetônica.
As blindagens automotivas e arquitetônicas são essenciais para uma completa proteção, como informa um alto executivo do setor industrial. "A violência chegou a tal ponto que não adianta mais blindar o carro e chegar em casa ou escritório e estar vulnerável. A proteção agora precisa ir além das vias públicas".
O crescimento na procura por blindagem fez o setor expandir surgindo novas empresas. Segundo a Associação das blindadoras, Abrablin, o mercado vem crescendo 15% ao ano, estimulando investimentos. Este aquecimento também incentivou a competição entre os fabricantes de materiais balísticos, que investiram em tecnologia de ponta e lançaram novos produtos; mais resistentes e com melhores condições de instalação.
BLINDAGEM ARQUITETÔNICA: o vidro blindado não está sozinho
Engana-se quem pensa que a blindagem arquitetônica está presente apenas no vidro da janela ou na porta do local que se busca proteger.
Ela também está presente em caixilho de aço balístico, na estrutura de concreto, no revestimento da parede em aço, em caixa de passagem de volumes, em portas giratórias e em escudos de proteção utilizados em bancos.
Os locais de aplicação também estão mudando, como explica Carlos Barbosa, especialista do setor que faz projetos de blindagem. "A proteção agora está presente em quarto do pânico, isolamento de ambientes residenciais e até em banheiro".
Em mercados como o Rio de Janeiro, onde a violência está mais presente na mídia, as solicitações de proteção também seguiram para novos setores, comenta o especialista. "Recebemos muitos pedidos de orçamento para proteger hospitais, escolas, casas de câmbio, estruturas bancárias e base policial".
As construções que estão próximas as comunidades viraram área de risco e todos querem se proteger das balas perdidas.
BLINDAGEM AUTOMOTIVA: critério Preço da Blindagem
Em 2017, mais de 15 mil carros foram blindados no país, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin). A proteção foi a alternativa buscada por cidadãos frente ao crescimento da violência urbana e da sensação de insegurança. Mas, como é feito o processo de blindagem? Quais partes do veículo recebem a proteção?
O processo exige equipe altamente capacitada e, quanto mais tecnologia tiver o carro, mais complexo é o procedimento. A seguir, Fábio Rovêdo de Mello, diretor da Concept Blindagens, de São Paulo, descreve o passo a passo da proteção:
- O primeiro passo é a obtenção de autorização para a blindagem junto ao Exército Brasileiro, órgão que fiscaliza o setor, bem como a escolha do nível de blindagem. O mais usado no país é o nível III-A, que resiste aos disparos de submetralhadoras (pistolas) 9mm e revólveres .44 Magnum. Somente após essas ações é que o veículo estaciona na blindadora.
- Por computador, são feitas todas as medidas do veículo. Elas vão nortear as medidas dos vidros, os cortes das chapas de aço e dos painéis balísticos a serem instalados. Esses são os materiais que darão a proteção aos ocupantes do carro.
- Internamente, o veículo é todo desmontado. Tudo é catalogado e armazenado e à carroceria, então, é incorporado o painel balístico. Depois, é a vez de instalar as chapas de aço. Elas são colocadas nas colunas do veículo e nos pontos considerados de maior vulnerabilidade, como nas junções dos painéis balísticos. Todas as áreas internas, como colunas, maçanetas, laterais, inclusive teto, devem receber a proteção.
- Os vidros são totalmente substituídos. Os originais dão lugar a um kit de vidros blindados, respeitando-se o nível de blindagem contratado. Os sistemas de acionamento dos vidros elétricos são redimensionados de acordo com cada modelo. Depois, o veículo é novamente montado e passa por pesagem e testes para checar eixo de gravidade, dinâmica, detecção de barulhos, impermeabilidade, eletrônica e suspensão, entre outros cuidados.
O processo todo leva em torno de 30 dias e somente após a aprovação nos testes é que o veículo é finalmente liberado para o cliente.
De acordo com a Abrablin, o valor médio para a proteção no nível III-A em 2017 foi de R$ 53.600,00. No entanto, Fábio Rovêdo de Mello alerta que o consumidor não defina a blindadora que aplicará a proteção tendo como fator único ou primordial o preço. "Outros fatores são fundamentais, tais como capacidade e equipe técnica para executar o serviço, certificações e regulamentação junto aos órgãos fiscalizadores do segmento e histórico da empresa no mercado. Tudo isso garantirá a sensação de segurança buscada por quem recorre ao blindado", destaca Mello.
O diretor da Concept esclarece que como a blindagem torna-se definitivamente indissociável do veículo, não faz sentido decidir somente no critério "preço" da blindagem e sim no "preço" do conjunto já associado (carro + blindagem). "Ao fazer esse cálculo, o interessado verá que a diferença percentual entre um conjunto de baixa qualidade é extremamente pequena em relação a um conjunto de alta qualidade, sem contar nos riscos inerentes a ineficácia de proteção, e de impactos nos sofisticados sistemas eletrônicos que compõem os modelos de carros atuais".
Outro tema importante diz respeito a selecionar assertivamente o fornecedor de tecnologia tendo em vista que fabricantes destes materiais de proteção especialmente necessitam ser reconhecidos por sua atenção aos detalhes no que diz respeito à qualidade inerente aos seus produtos, garantia e segurança.